28 de abril de 2016

Os ''inocentes calmantes''

Os benzoadiazepínicos, popularmente chamados de "calmantes", têm estado entre os remédios mais comercializados nos últimos tempos em todo o mundo. Somente no Brasil, entre 2006 e 2011, segundo pesquisas recentes, o número de caixinhas do ansiolítico clonazepam vendidas saltou 36% - passou de 13,57 milhões para 18,45 milhões.

Introduzido pelo químico Leo Stembach, em 1955, o clordiazepóxido foi o primeiro
benzodiazepínico que apareceu no mercado, com o nome comercial de Librium.

Oito anos mais tarde, em 1963, o Diazepam (Valium) surgiu como a esperança dos pacientes ansiosos, sendo prescrito até os dias atuais, indiscriminadamente, por médicos que, muitas vezes, ignoram seus efeitos colaterais.

Os benzodiazepínicos podem ser ansiolíticos, sedativos, hipnóticos, relaxante muscular e anticonvulsivos. O Midazolam (Dormonid) e o Flurazepam (Dalmadorm), por exemplo, podem ajudar o indivíduo a dormir - por causar efeito hipnótico e sedativo - e são muito usados em procedimentos como endoscopia, retosigmóidoscopia, etc.

O clonazepam (Rivotril) tem sua aplicação em casos de convulsões, crises mioclônicas, ausências e sindrome do pânico. O Alprazolam (Frontal) e o próprio Diazepam são usados nos casos crônicos de ansiedade, e é aí que devemos ter muito cuidado, pois  podem causar dependência grave e o paciente acaba precisando de doses cada vez mais altas para diminuir seus sintomas.

Os efeitos colaterais provocados pelo uso dos benzodiazepínicos podem aparecer logo no início, sendo alguns deles a falta de coordenação motora, sonolência, vertigem, diminuição da concentração e memória, confusão mental e pesadelos.

Com o tempo, pode aparecer também a diminuição da libido, a dificuldade em exteriorizar as emoções, perda da capacidade de pensar construtivamente, fobia social e depressão.

Em idosos, os benefícios são mínimos em relação aos riscos. Como já dissemos, a memória e a concentração ficam diminuídas  e aparece a dificuldade da coordenação motora, acarretando risco de quedas. A longo prazo, o idoso ainda pode apresentar sintomas semelhantes à Doença de Alzheimer, confundindo o diagnóstico. A depressão também é comum e torna-se mais grave com risco de suicídio, se o paciente já  tiver essa predisposição.

Os benzodiazepínicos causam  dependência de difícil controle, por isso, devemos usá-los somente se não existirem outras alternativas. Porém, têm se observado resultados bastante satisfatórios com a utilização de outros tratamentos, como fitoterapia, homeopatia, técnicas de relaxamento e psicoterapia.