9 de dezembro de 2012

A dependência dos benzodiazepínicos

Os benzoadiazepínicos, popularmente chamados de "calmantes", têm estado entre os remédios mais comercializados nos últimos tempos em todo o mundo. Somente no Brasil, entre 2006 e 2011, segundo pesquisas recentes, o número de caixinhas do ansiolítico clonazepam vendidas saltou 36% - passou de 13,57 milhões para 18,45 milhões.

Introduzido pelo químico Leo Stembach, em 1955, o clordiazepóxido foi o primeiro
benzodiazepínico que apareceu no mercado, com o nome comercial de Librium.

Oito anos mais tarde, em 1963, o Diazepam (Valium) surgiu como a esperança dos pacientes ansiosos, sendo prescrito até os dias atuais, indiscriminadamente, por médicos que, muitas vezes, ignoram seus efeitos colaterais.

Os benzodiazepínicos podem ser ansiolíticos, sedativos, hipnóticos, relaxante muscular e anticonvulsivos. O Midazolam (Dormonid) e o Flurazepam (Dalmadorm), por exemplo, podem ajudar o indivíduo a dormir - por causar efeito hipnótico e sedativo - e são muito usados em procedimentos como endoscopia, retosigmóidoscopia, etc.

O clonazepam (Rivotril) tem sua aplicação em casos de convulsões, crises mioclônicas, ausências e sindrome do pânico. O Alprazolam (Frontal) e o próprio Diazepam são usados nos casos crônicos de ansiedade, e é aí que devemos ter muito cuidado, pois podem causar dependência grave e o paciente acaba precisando de doses cada vez mais altas para diminuir seus sintomas.

Os efeitos colaterais provocados pelo uso dos benzodiazepínicos podem aparecer logo no início, sendo alguns deles a falta de coordenação motora, sonolência, vertigem, diminuição da concentração e memória, confusão mental e pesadelos.

Com o tempo, pode aparecer também a diminuição da libido, a dificuldade em exteriorizar as emoções, perda da capacidade de pensar construtivamente, fobia social e depressão.

Em idosos, os benefícios são mínimos em relação aos riscos. Como já dissemos, a memória e a concentração ficam diminuídas e aparece a dificuldade da coordenação motora, acarretando risco de quedas. A longo prazo, o idoso ainda pode apresentar sintomas semelhantes à Doença de Alzheimer, confundindo o diagnóstico. A depressão também é comum e torna-se mais grave com risco de suicídio, se o paciente já tiver essa predisposição.

Os benzodiazepínicos causam dependência de difícil controle, por isso, devemos usá-los somente se não existirem outras alternativas. Porém, têm se observado resultados bastante satisfatórios com a utilização de outros tratamentos, como fitoterapia, homeopatia, técnicas de relaxamento e psicoterapia.

8 de dezembro de 2012

Doenças causadas por prions

 




Príons  são modificações de proteínas normais do corpo. Embora em sua forma normal essas proteínas sejam inofensivas, o acúmulo da forma modificada pode levar à morte de neurônios.
 

A maioria das doenças causadas por príons aparece na idade adulta. A faixa etária exata varia de acordo com o tempo de incubação de cada doença e sua causa.

Todas as doenças causadas por príons são muito raras. A doença de Creutzfeldt-Jakob esporádica, por exemplo, tem ocorrência estimada de cerca de 1 caso a cada 1 milhão de indivíduos.
O que muda no sistema nervoso?

Com a degeneração das células nervosas, o tecido cerebral adquire um aspecto esponjoso. Por isso, as doenças causadas por príons são conhecidas como encefalopatias espongiformes.
O que causa a doença?

Encefalopatias espongiformes têm origem genética (o próprio organismo passa a produzir proteínas modificadas) ou pelo contato com tecidos contaminados por príons. Uma vez no corpo, o príon induz proteínas normais a também se transformarem em príons, e a doença evolui à medida que o acúmulo de príons no sistema nervoso dá origem aos sintomas.
Sintomas

Os sintomas variam conforme a doença em questão. São elas:
Kuru

Teve sua origem em rituais canibalísticos. Os pacientes, principalmente mulheres e crianças, adoeciam ao entrarem em contato direto – por ingestão ou através de cortes e queimaduras – com tecido nervoso de cadáveres contaminados. Com a identificação da forma de contaminação, esses rituais foram abandonados e a doença foi erradicada.

Os primeiros sinais eram movimentos involuntários e tremores, dificuldade para falar e engolir. Posteriormente, havia instabilidade emocional com risadas incontroláveis, além de demência moderada. Nas fases mais adiantadas o doente ficava mudo, flácido e bastante debilitado.Tratava-se de uma doença progressiva e incurável, com até dois anos de evolução. Quanto mais jovem o doente, mais rápida era a sua evolução.
Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ)

A maioria dos casos é esporádica, mas de 5 a 15% têm origem hereditária. Uma pequena parcela pode ser atribuída ao contato com tecidos contaminados, em transplantes e instrumentos cirúrgicos.

Os primeiros sintomas são lentidão do pensamento, dificuldade de concentração, déficit de raciocínio e perda de memória. Os doentes podem ter também alterações emocionais e visuais, com alucinações. Há também contrações musculares bruscas e breves, chamadas de mioclonias. É uma doença incurável, mas medicamentos como a amantadina retardam sua evolução.
Nova Variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (NVDCJ)

Uma nova variante é atribuída à ingestão de carne de animais contaminados com a Doença da Vaca Louca. Sintomas psiquiátricos e alterações motoras são freqüentes. Há depósito de proteína amilóide no cérebro e no cerebelo. A doença aparece mais cedo, entre 20 e 30 anos de idade.
Síndrome de Gerstmann-Straussler-Scheinker (GSS)

É uma rara síndrome hereditária que atinge poucas famílias no mundo. Os pacientes, por volta da meia idade (35 a 55 anos), começam a desenvolver sintomas decorrentes da degeneração do cerebelo, como perda da coordenação motora e dificuldade para andar. Em alguns pacientes pode-se encontrar ainda surdez, cegueira, paralisia dos movimentos dos olhos e sintomas parkinsonianos (como rigidez muscular, lentidão dos movimentos e tremores). A demência é mínima ou ausente.

A GSS não tem cura e evolui lenta e progressivamente (2 a 10 anos), deixando o paciente bastante debilitado.
Insônia Familiar Fatal (IFF)

É uma doença hereditária que progride de forma rápida e surge principalmente na meia idade (50 a 60 anos) ou em fases mais avançadas da vida. É caracterizada inicialmente por uma dificuldade de adormecer, que evolui para uma insônia irremediável em poucos meses, à medida que o tálamo – estrutura intermediária no processamento dos sentidos e na alternância sono-vigília – é comprometido. Há também dificuldades para falar, tremores e alterações do sistema nervoso simpático (variações de pressão, transpiração excessiva, taquicardia inexplicável).

Aproximadamente 60 casos foram detectados no mundo desde 1986. É uma doença fatal, que leva o paciente à morte de 7 a 13 meses após o aparecimento dos sintomas.
O que parece, mas não é uma doença causada por príons?

O diagnóstico diferencial das doenças causadas por príons é amplo e envolve uma série de outras doenças hereditárias, infecciosas ou degenerativas do sistema nervoso, dentre as quais se destacam a Doença de Alzheimer, as encefalopatias metabólicas e algumas infecções crônicas (sífilis, HIV etc). Casos suspeitos devem ser encaminhados a especialistas, particularmente a neurologistas e psiquiatras.
O que muda na vida da pessoa doente?

O paciente, com a evolução da sua doença, perde a capacidade de cuidar de si próprio de forma independente e precisa cada vez mais de ajuda para alimentar-se, vestir-se, tomar banho etc.
Tratamento

Todas as doenças causadas por príons são, até o momento, incuráveis. O tratamento de suporte envolve medidas gerais com a utilização de remédios para o controle dos sintomas.

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